Você é seguidor(a) de N°

segunda-feira, 6 de junho de 2011

[leia] “Política do Pão e Circo”

Não sou muito boa em História, mas sempre me fascinam os legados culturais das civilizações. Outra conjuntura que me faz repensar e traçar um caminho dialógico de mim para comigo mesma é a ideia de que a história é cíclica, ela sempre se repete. Presa a estes dois paradigmas estou prestes a oferecer argumentos irrefutáveis para ambos. Nos últimos meses vi-me às voltas com a política do “pão e circo”, artimanha do império romano para ludibriar o caos social, o desemprego, o barril de pólvora prestes a explodir no meio do povo sofrido e extenuado pela escravidão e negação dos direitos básicos do ser humano.

Quando o povo não tem emprego, não tem qualidade de vida e há muito já perdeu a sua dignidade enquanto cidadão detentor de seus direitos, nada melhor do que um governo “romanesco” para lhes tapear a visão e toldar-lhes a verdadeira face diante de sua inescrupulosa inércia. É inconcebível, em pleno vigor do século XXI, retroagirmos ao tempo em que, ser político seria a farsa de tentar esconder do povo, o sistema de gestão retrógrado e, até sendo um pouco rude, animalesco a que, em um passado próximo, estivemos sujeitos.

Um dia, acreditamos que, a democracia, finalmente estava instaurada. Ledo engano. A ideia de que o político brasileiro importa-se com a máxima de ser eleito pelo voto direto, de ser representante do povo e, para ele e com ele, gerir os destinos do município, do estado e/ou da nação é ainda um pensamento fantasioso digno dos melhores criadores da arte “futuresca” e inverossímil da ficção científica em seu apogeu. Custo a acreditar que tivemos os sonhos traídos e as nossas convicções de novos tempos lançadas ao caos. Como pode o povo enganar-se tão facilmente?

É aí que vem a velha crença de que a história é cíclica. Já havíamos passado por toda essa construção de grandes lutas, de sangue derramado, de prisões, de confiscos e de expatriações; já havíamos nos despido da ignóbil e torpe ditadura; também já havíamos desistido do coronelismo e suas heranças; ouso até dizer que em grande maioria (até esmagadora maioria) já havíamos aprendido a votar, quando inesperadamente a confiança é traída e tratada como insignificante.

Aonde vamos parar seguindo a sangria desatada dos desmandos e da sujeição subserviente? Onde estão eles, os “caras-pintadas” do século passado? Onde estão os jovens imbuídos de ideais e acreditando na sociedade democrática e fiel aos anseios do povo? Onde estamos nós que construímos um novo pensamento e uma nova realidade sócio-política, econômica e cidadã? Procuro-me e não me encontro. Mas, espere, encontro-me e aos meus concidadãos na voz da professora Amanda Gurgel, garota sortuda que estava no lugar certo, na hora certa e com o discurso politicamente correto, no momento daquela audiência pública.

Mas, não é à toa que nos estatelamos de cara no chão, peito aberto e sorriso gentil transformado em esgar, quando lemos, ouvimos e acompanhados através dos melhores e mais difundidos jornais, telejornais e jornais eletrônicos (entre outros) a retirada do painel que retratava fielmente a cassação de Collor de Melo quando então presidente em outubro de 1992, do túnel do tempo, amplo corredor que passa sob o eixo monumental em Brasília. Havendo, como se não bastasse a frase solta ao ar dos irrespiráveis “futuns” da podridão: “foi um acidente que não deveria ter acontecido”.

Estou maluca? Ou simplesmente Collor agora está inocentado de tudo o que lhe conduziu ao impeachment. Se ele era então inocente o que induziu a sociedade proativa ao fato de promover o seu impeachment? Quem está certo? Quem está errado? Ainda bem que há sempre os historiógrafos considerados apócrifos, que não perdem uma centelha dos fatos e retratam, para sei lá qual geração, a verdade. E a liberdade de imprensa? Essa sim é a mais combatida. Não estranharia assistir à promulgação de uma lei que tornasse a mídia sem imagem e sem voz. Em meu mundinho de profissional dedicada e assídua imagino que, “quem não quer ficar mal na fita”, trabalha de forma coerente, competente e inteligente e todos os entes perfeitos dessa língua.

Já disse, certa vez, o poeta: “... Pau que nasce torto morre torto, eu não sou pau, posso me regenerar...” É, ainda há tempo, pois é tempo de semear, depois virá o tempo de colher. Ainda há tempo para selecionar as sementes, para extirpar as ervas invasoras, para olhar com a mão em pala o horizonte e redesenhar os desígnios da sociedade e... Reconstruir.

Fazer política não é brincar de “menina mimada” é antes de tudo fazer acontecer a vontade política da transformação positiva da sociedade; é preocupar-se com os índices e as novas faces da violência; é também acreditar na educação e torná-la essência basilar da construção da sociedade organizada e livre; é fomentar a produção de alimentos até que este esteja acessível em quantidade e qualidade para qualquer “brasileirinho”; é trabalhar pela qualidade do serviço público; é oferecer um sistema de saúde eficiente e efetivo; é antes de tudo, conquistar o voto pelo trabalho desenvolvido, pela coerência política, pela força vital do reconhecimento.

Seria então à hora de votar maciçamente em branco ou mesmo, anular o voto, único legado verdadeiro da cidadania? Trazer a lume não em teatro, nem cinema, mas no picadeiro do grande circo da vida a obra de Saramago: “Ensaio sobre a lucidez”?

Bem, mas isso é outra história...

Nísia Maria de Sousa Cordeiro – Pedagoga/Analista de Extensão Rural. Fonte: e-mail pessoal.

2 comentários:

Anônimo disse...

E dai? Sou Vascaíno doente e acabou a conversa! Urubu vá se lascar!!!

Anônimo disse...

o pão que é bom vai para os politicos o circo o palhaços são os eleitores