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terça-feira, 14 de junho de 2011

[espaço do leitor] Apodi e apodienses na história de Mossoró

A gênese dos fatos históricos tem fixado nomes de homens e mulheres que potencializaram um objetivo a ser alcançado, alicerçando para a posteridade, elementos constitutivos imprescindíveis para a formação da sociedade. Tem início com o plano espiritual, sequenciado pela dimensão econômica como fator de fixação do homem no habitat por ele escolhido. Verificando documentos oficiais atinentes à história política, econômica e social de Mossoró, restou comprovado que o desenvolvimento da segunda cidade do estado consolida a afirmativa de que os mossoroenses devem muito um preito de gratidão à Apodienses que deixaram as belas plagas do rincão oestano para implantarem e consolidarem o progresso naquela comuna.

Quando foi criada a paróquia (Freguesia) de Apodi em 03 de Fevereiro de 1766, foi estabelecida a extensão territorial do pastoreio espiritual começando da sede da paróquia até a "pancada do mar", ou seja, de Apodi até onde hoje se encontra a divisa do estado do Rio Grande do Norte com o estado do Ceará, na atual cidade de Tibau-RN, estendendo-se até as atuais cidades de Grossos e Areia Branca. Todos os batizados e casamentos e certidões de óbitos eram celebrados pelo Padre que curava a paróquia de Apodi. Dá para se avaliar o imenso sacrifício do vigário Apodiense, que tinha que se deslocar quatro a cinco vezes ao ano, para celebrar batizados e casamentos nas lonjuras de Mossoró e região litorânea (Tibau, Grossos e Areia Branca). Os primeiros livros de Registro de Assentos de batizados e casamentos, ainda existentes no acervo da paróquia de Apodi, revelam essa importante particularidade histórica. A vinculação de Mossoró à paróquia de Apodi terminou em 27 de Outubro de 1842, quando foi criada a paróquia de Santa Luzia e Mossoró.

A então Vila de Mossoró passou ao predicamento de cidade através de projeto legislativo de autoria do Padre ANTONIO JOAQUIM RODRIGUES, sancionado a 09 de Novembro de 1870, que era Deputado Provincial (Com o regime republicano passou a ser denominado de Deputado Estadual) nascido em Aracati-CE, porém radicado em Apodi com a idade de 05 anos. O seu vínculo com Apodi deve-se ao fato de que era filho da Apodiense VICÊNCIA FERREIRA DA MOTA, que casou com o comerciante português ANTONIO JOAQUIM RODRIGUES, radicado em Aracati-CE. Naquela época, a região Oeste do estado do RN mantinha estreito vínculo comercial com a praça de Aracati, principal referência do comércio cearense. Este português era o principal fornecedor comercial para os comerciantes Apodienses. Os livros que tratam da história de Mossoró, no capítulo que trata dos antigos comerciantes estabelecidos em 1856, menciona um opulento comerciante de nome CLEMENTINO DE GÓIS NOGUEIRA, natural de Apodi. Daí em diante aparecem os nomes dos Apodienses VICENTE FERREIRA DA MOTA, SALUSTIANO FERREIRA LEITE, JOÃO FERREIRA LEITE, FRANCISCO RICARTE DE FREITAS, opulento comerciante que, com recursos econômicos próprios mandou construir o mais importante e maior prédio comercial de Mossoró, de nome GRANDE HOTEL, onde instalou o primeiro cinema de Mossoró, em 1904, denominando-o de CINE-TEATRO ALMEIDA CASTRO. Este senhorial prédio foi demolido na década de oitenta (1980). Destacaram-se ainda os comerciantes LUÍS COLOMBO FERREIRA PINTO, filho do Coronel Antonio Ferreira Pinto, que por sua vez trouxe de Apodi o sobrinho RUBENS PINTO, que casou em Mossoró e foi pai do comerciante HUGO PINTO. Ressalta-se, também, os comerciantes RAIMUNDO JOVINO, OSMÍDIO JOVINO, RAIMUNDO CANTÍDIO E JOÃO CANTÍDIO. No plano espiritual destaca-se a figura do Bispo DOM JOSÉ FREIRE DE OLIVEIRA NETO, que dirigiu a Diocese de Mossoró, e que é irmão da esposa de Leonildes Marcolino.

No contexto cultural mossoroense destacaram-se os notáveis Apodienses FRANCISCO ISÓDIO DE SOUZA, filho de escrava, que aportou em Mossoró tangido pela seca do ano de 1877. Foi professor, alcançando o notável cargo de Presidente da Intendência Municipal (Cargo que depois de 1926 passou a ser denominado de Prefeito), tendo administrado Mossoró no período 1911-1913. Depois aparecem as expressivas figuras do Jornalista e intelectual JOSÉ MARTINS DE VASCONCELOS, autor do Hino oficial de Apodi, sequenciado pela Professora Doutora MARIA GOMES DE OLIVEIRA, primeira mulher brasileira a assumir o expressivo cargo de Reitora universitária. Seu nome aparece no famigerado livro intitulado de "NOTÁVEIS MULHERES BRASILEIRAS". Esta brilhante Apodiense é filha natural de Sebastião Sizenando Sena e Silva e de Anália Gomes de Oliveira.

Com estes apontamentos históricos, resta a certeza absoluta de que Mossoró teve/tem considerável margem de desenvolvimento religioso, econômico, cultural e administrativo, graças à estes memoráveis Apodienses. Vivas à APODI e aos APODIENSES!.


Marcos Pinto – Historiador e Presidente da Academia Apodiense de Letras.

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