A
confecção de malas artesanais no município de Apodi/RN é ofício dos mais
antigos, trata-se de objetos construídos com madeira revestida de papelão
pintado em cores diversas, adornados com padrões geométricos intercalados com
pinceladas gestuais chamados respectivamente de riscos e bordados pelos
maleiros, nome dado aos produtores de malas. Sua existência na região é notável
desde princípios do século XX, durante a década de 1950 até meados de 2000,
cerca de dez maleiros trabalharam em Apodi destinando também a produção para os
estados vizinhos do Ceará e Paraíba, hoje em dia, a prática sobrevive
unicamente através das mãos ágeis de José Pinheiro Neto, apelidado “Dedé das
Malas” suas malas são expostas todos os sábados na feira-livre, espaço
simbólico de distribuição e consumo.
O
uso das malas artesanais empregadas para acomodar enxovais e vestimentas
remonta ao tempo em que os guarda-roupas eram objetos de luxo ou mesmo inacessíveis
para a maior parte da população. A popularização desse componente do mobiliário
doméstico repercutiu numa progressiva substituição das malas comprometendo o
seu fazer, entretanto, ultimamente, o apelo estético recuperou o interesse em
possuí-las destinando novos usos e fazendo-as migrar dos quartos de dormir para
as salas de visita, ocupando um lugar de destaque na decoração das casas,
vistas agora como objetos “artísticos”.
A
raridade do saber-fazer dos maleiros no contexto potiguar motivou o envio de
uma fotografia das malas e do artesão apodiense para o Centro Nacional de
Folclore e Cultura Popular, sediado no Museu Edison Carneiro no Rio de Janeiro,
a iniciativa resultou num convite do antropólogo Ricardo Gomes Lima, para a
realização de uma exposição individual de “Seu Dedé” na Sala do Artista
Popular, projeto bem-sucedido, idealizado pela antropóloga Lélia Coelho Frota,
para divulgação e apoio ao artesanato de tradição no Brasil em parceria com o
IPHAN.
No
dia 19/05/11, foi realizada na capital carioca a abertura da exposição “As
malas bordadas de Apodi”, com a presença do maleiro até então “anônimo” que
divulgou orgulhosamente o nome de sua cidade natal obtendo merecido
reconhecimento popular e sucesso de vendas. Dedé
das Malas gravou entrevista para arquivo do Museu Edison Carneiro e é um dos
raros potiguares a ter obras incorporadas ao acervo permanente da instituição.
Seu trabalho encontra-se registrado num catálogo dedicado à exposição, além
disso, a permanência de sua atividade enriquece notadamente o patrimônio
cultural norte-rio-grandense.
Do ApoDiário: e apodiense também. Parabéns Dedé - (meu ex-vizinho) pela
exposição na cidade maravilhosa!
Nilton
Xavier - Professor de Arte do Campus Apodi
Por Bruno Coriolano
9 comentários:
dedé é muito organizado
Jânio, fico feliz pela matéria. Afinal, quem não lembra que o um dos primeiros utensílios domésticos de toda moça humilde que estava prestes a se casar era a compra da mala. Legal, simbolo da cultura nordestina.
Isso, mostra que a cultura tem que ser preservada.
Dedé, talvez ninguem desse valor a você e seu trabalho. Que bom, porque só você fez as "MALAS" e vajou pra cidade maravilhosa.
Isto sim é que é uma materia bonita, a qual eleva nossa querida apodi a ter mas destaques no nosso brasil, pois trata-se de um artista no qual retrata sua simplicidade nestas malas , tambem levando nosso nome á desbravar fronteiras principalmente no rio de janeiro, aqui parabeniso nosso ilustre mestre das malas.
Parabéns Janio e Brunão. Resgatando nossa memmoria
Gente da gente!!!!!!!!!!!!!!!!
VLW DEDE
Por este e outros valores culturais que me orgulho em ser APODIENSE. vivas ao nosso Apodi e ao nosso bravo povo.
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