A colonização das terras de Apodi efetivada pela fixação de famílias oriundas de Pernambuco, Ceará e Paraíba.
É
vastíssima a relação de profícuos portugueses que foram seduzidos pela
informação da existência das férteis terras que compõem a área territorial de
Apodi, e para cá vieram, com seus sonhos e seus ideais. Dentre estes,
destaca-se o indômito FRANCISCO MANOEL DE OLIVEIRA COSTA, que aqui chegou por
volta do ano de 1800. Segundo a tradição oral, já trazia consigo o apelido de
"Barra", sendo certo que esta alcunha consta na capa do seu
inventário, que tramitou no ano 1843. Casou em Apodi com FRANCISCA BARBOSA
DE AMORIM, filha de Manoel da Costa Travassos, natural do Assu-RN, e de
sua segunda esposa Getrudes Maria da Conceição, que por sua vez era filha do
Capitão Alexandre Pinto Machado e de Francisca Barbosa de Amorim (Primeira
deste nome), tronco inicial da família PINTO, de Apodi. O português
"Barra" faleceu em sua fazenda "Barra" a 21.02.1843,
deixando uma prole de cinco filhos.
Como
de costume, com o casamento do português "BARRA" com uma componente
de tradicional família, suscitou a que os seus sogros lhe fizessem doação de
uma légua de terras, parte do extenso feudo territorial da família PINTO,
que englobava toda a margem direita da lagoa, em terras conhecidas como
"Ponta, Largo, Estreito", e as terras doadas, que passaram a
receber a denominação de "Fazenda Barra". Dentre os filhos desse
casal, destaca-se a exótica figura do Padre JOAQUIM MANOEL DE OLIVEIRA COSTA,
que por ter nascido na fazenda "Barra", era conhecido como sendo o
"Padre Barra". Ordenou-se no Seminário de
Olinda, em Pernambuco, no ano de 1843. Os genitores do Padre
"Barra" fizeram doação de patrimônio vitalício para o mesmo, em data
de 02.05.1842, tendo como doação meia légua de terras no sítio
"Melancias", município de Apodi.
O
Padre "Barra" era detentor de vultoso patrimônio econômico, tendo, inclusive,
concorrido em processo licitatório do governo provincial do RN, no ano de 1873,
cuja licitação destinava-se à obtenção de recursos para construção da estrada de
ferro que ligaria Mossoró à Pernambuco. Perdeu a licitação para o suíço João
Ulrick Graff, opulento comerciante instalado na praça comercial de Mossoró. Em
1877 era Vigário da paróquia de Macau-RN, tendo colaborado com recursos econômicos
próprios, que foram decisivos para a construção e conclusão da Igreja-Matriz de
Macau, imponente templo religioso que, até hoje, encontra-se embelezando a
arquitetura de Macau.
Figura
antológica e curiosíssima, pela sua reputação perpetuada por diabruras e facécias.
Como e por que se decidiu a seguir a carreira eclesiástica, quando até
então, não denotava a menor propensão para ela, e os pendores naturais do seu espírito
o inclinavam a outros rumos, é coisa que jamais conseguiremos saber. Que se
poderia esperar de um sacerdote sem vocação formal e sem
preparação adequada. Em sua trajetória clerical, destacava-se pela
estranha predileção em celebrar casamentos. Nunca faltava. Sempre
diligentíssimo, chegava onde quer que fosse e/ou sob
qualquer intempérie climática, sempre chegava com horas
de antecedência da celebração.
Aproveitava-se da exigência do ritual
da confissão dos noivos, que era feita antes da celebração do matrimônio.
Ardiloso, furtivo e malvado. Uma vez percuciente da vida pregressa da
indigitada noiva, ameaçava logo a infeliz, de revelar ao futuro esposo, sobre fatos revelados
em confissão, que se revelado, comprometeria o matrimônio. Artimanha que o
fazia prestar-se com maior eficiência à volúpia e demais caprichos sexuais.
Mestre em ações indecorosas, quando não obtinha confissões mais significativas,
não se continha e fazia toda sorte de propostas imorais. As noivas ficavam ao seu inteiro
talante. Era bastante eclético e verborrágico.
Marcos
Pinto – Historiador e Presidente da Academia Apodiense de Letras.
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