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quinta-feira, 19 de maio de 2011

[leia] Água do sertão

Quando as primeiras chuvas começam a cair no Sertão, um novo mundo surge no acinzentado da caatinga. A paisagem se esverdeia e uma outra vida começa a correr pelas serras e vales. No Oeste do Rio Grande do Norte, a Chapada do Apodi é responsável pela dança das águas que eclodem em espetáculos naturais na região baixa da pequena cidade de Felipe Guerra, onde nasce o Vale do Apodi.

Um complexo de cachoeiras se forma nessa paisagem, composta de serras, córregos e um enorme cânion. A vegetação nordestina com plantas venenosas e curadoras é outro paradoxo dessa construção misteriosa que só aparece com a chuva.

Num trecho de sete quilômetros partindo da Cidade Baixa - bairro onde nasceu Felipe Guerra -, subindo as abas da serra sobre o rio Apodi, as águas é que decidem o destino do visitante. Um paraíso de fontes naturais que nunca secam, conhecidos no local como Olhos d'água e uma série de quedas d'água vivas graças à água da chuva do inverno que desce pela Chapada do Apodi, criam o ambiente perfeito para quem procura aventura ou descanso.
 
A cachoeira do Roncador, a 3km de Felipe Guerra, é considerada a maior atração do Oeste, quando está perene. Um véu de água se desprende da serra formando um caminho até outra queda com pelo menos 30 metros de altura. Em sua base, surge um poço com 15 metros de profundidade. 
O corte feito na serrania pela água permite que se vislumbre o Vale imenso e a ribeira do Apodi. Uma malha verde de carnaubeiras, pontilhada por pequenas construções perdidas no silêncio da vida selvagem, é o retrato de um Sertão esquecido.

As águas escavam o chão e exibem os mantos de rocha calcária, base de toda a Chapada. É essa formação que desenha o cenário da pequena Felipe Guerra e faz surgir um dos mais importantes complexos de cavernas do mundo. Mais de 100 furnas já foram catalogadas, incluindo a Gruta do Roncador, com 480 metros, considerada a maior já explorada em território potiguar.

As cascatas dependem da chuva e das águas que surgem das cavernas e dos campos, para se manterem correntes. Todo o fluxo segue para o rio Apodi, que perene, ou não, mantém vivos todos os olhos d'água do Brejo de Felipe Guerra, que também se tornam atrações para banhistas e visitantes. Os que procuram mais emoção seguem o trecho de pedras até a comunidade de Rosário, onde surge o espetáculo da cachoeira do Caripina.

Fonte: Jornal DeFato.
Fotos: João Paulo Barra.

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