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sexta-feira, 18 de março de 2011

[espaço do leitor] Essa é a minha profissão

Ser Agente de Trânsito não é fácil. Para quem acha que aprender o Código de Trânsito Brasileiro é tudo, está enganado. Como dizem as más línguas: “o pai de fulano de tal é tiquinho: tiquinho de um, tiquinho de outro”. A analogia cairia bem se aplicada a essa profissão. Não temos um pai, somos e agimos como tal. Enquanto agentes, temos dentro de nós, no cumprimento do dever, um pouco de cada profissão. Tirando os exageros, a nossa profissão se confunde com várias outras.

Não fazemos parte da Segurança Pública, mas, muitas vezes, agimos como se fizéssemos. Quem de nós nunca ouviu aquela expressão “Vocês não são policiais”, “Amarelinhos não são policiais, não tem peito de aço”? Certamente o autor ou os reprodutores desta frase não estão errados, mas o que chama atenção é que esses indivíduos quando são vítimas de um assalto ou presenciam um, antes de qualquer coisa gritam: “Amarelinho, aquele cara ali acabou de assaltar uma mulher”. Não somos policiais, mas o pessoal espera uma resposta a altura.

A Psicologia também está presente. Muitos condutores perturbados mentalmente, loucos por um ombro amigo, vê no Agente de Trânsito a solução para os seus problemas. Seria um mero desabafo desses condutores ou uma estratégia para não serem punidos pela infração que cometeram? Em ambos os casos, requer do profissional um pouco de reflexão - na tentativa de entender o que se passa na mente daquele cidadão e do que ele é capaz de fazer, para que, dessa forma, possamos tomar a decisão mais correta.

Ato de loucura é bem mais comum do que se imagina. E o pior não é o ato, e sim, a justificativa de que agiu daquela forma por conta dos problemas psiquiátricos. Na verdade, tal justificativa já é conhecida no meio jurídico. Indivíduos se utilizam desse artifício para reduzir a pena do crime que cometeram. “Vivemos numa terra de loucos, onde a pior loucura é acreditar nas sandices daqueles que se acham insanos.”

O Agente também é Socorrista. Esta, talvez, seja a atitude que mais exige do profissional conhecimento e destreza para lidar com as situações mais adversas. Não é um dom. São técnicas aprendidas através de treinamento específico onde se presta os primeiros socorros às vítimas de acidente antes da chegada da equipe especializada de atendimento. Enquanto muitos param para olhar as desgraças dos outros, os Agentes prestam o primeiro auxílio e, de quebra, controlam o trânsito para evitar que outro evento da mesma natureza aconteça.

Misturando-se às varias profissões, sem dúvida, a mais gratificante é a de Educador. Em um grupo de educadores (uns natos, outros por formação) o que prevalece é o desejo de uma sociedade mais justa e igualitária. Como disse Nelson Mandela “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

O desejo de mudança está dentro de cada um e é externado no cumprimento do nosso dever - seja através de palestras nas escolas e nas empresas, ou no campo mais inferior e não menos importante - numa pequena orientação dada ao condutor após uma infração.

A multiplicidade de funções praticadas por esses profissionais ainda não é o suficiente para que possam desfrutar de tamanha serventia a sociedade. O sonhado reconhecimento é algo até o momento inimaginável em uma terra onde a tragédia humana vira tema de espetacularização midiática; os bons serviços prestados se perdem no meio do nada; restando no final, apenas o sentimento de que foi tudo em vão...

... em mais um dia de dever cumprido!

Por João Paulo 

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