Ser
Agente de Trânsito não é fácil. Para quem acha que aprender o Código de Trânsito
Brasileiro é tudo, está enganado. Como dizem as más línguas: “o pai de fulano
de tal é tiquinho: tiquinho de um, tiquinho de outro”. A analogia cairia bem se
aplicada a essa profissão. Não temos um pai, somos e agimos como tal. Enquanto
agentes, temos dentro de nós, no cumprimento do dever, um pouco de cada
profissão. Tirando os exageros, a nossa profissão se confunde com várias
outras.
Não
fazemos parte da Segurança Pública, mas, muitas vezes, agimos como se
fizéssemos. Quem de nós nunca ouviu aquela expressão “Vocês não são policiais”,
“Amarelinhos não são policiais, não tem peito de aço”? Certamente o autor ou os
reprodutores desta frase não estão errados, mas o que chama atenção é que esses
indivíduos quando são vítimas de um assalto ou presenciam um, antes de qualquer
coisa gritam: “Amarelinho, aquele cara ali acabou de assaltar uma mulher”. Não
somos policiais, mas o pessoal espera uma resposta a altura.
A
Psicologia também está presente. Muitos condutores perturbados mentalmente,
loucos por um ombro amigo, vê no Agente de Trânsito a solução para os seus
problemas. Seria um mero desabafo desses condutores ou uma estratégia para não
serem punidos pela infração que cometeram? Em ambos os casos, requer do profissional
um pouco de reflexão - na tentativa de entender o que se passa na mente daquele
cidadão e do que ele é capaz de fazer, para que, dessa forma, possamos tomar a
decisão mais correta.
Ato
de loucura é bem mais comum do que se imagina. E o pior não é o ato, e sim, a
justificativa de que agiu daquela forma por conta dos problemas psiquiátricos.
Na verdade, tal justificativa já é conhecida no meio jurídico. Indivíduos se
utilizam desse artifício para reduzir a pena do crime que cometeram. “Vivemos
numa terra de loucos, onde a pior loucura é acreditar nas sandices daqueles que
se acham insanos.”
O
Agente também é Socorrista. Esta, talvez, seja a atitude que mais exige do
profissional conhecimento e destreza para lidar com as situações mais adversas.
Não é um dom. São técnicas aprendidas através de treinamento específico onde se
presta os primeiros socorros às vítimas de acidente antes da chegada da equipe
especializada de atendimento. Enquanto muitos param para olhar as desgraças dos
outros, os Agentes prestam o primeiro auxílio e, de quebra, controlam o trânsito
para evitar que outro evento da mesma natureza aconteça.
Misturando-se
às varias profissões, sem dúvida, a mais gratificante é a de Educador. Em um
grupo de educadores (uns natos, outros por formação) o que prevalece é o desejo
de uma sociedade mais justa e igualitária. Como disse Nelson Mandela “A
educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
O
desejo de mudança está dentro de cada um e é externado no cumprimento do nosso
dever - seja através de palestras nas escolas e nas empresas, ou no campo mais inferior
e não menos importante - numa pequena orientação dada ao condutor após uma
infração.
A
multiplicidade de funções praticadas por esses profissionais ainda não é o suficiente
para que possam desfrutar de tamanha serventia a sociedade. O sonhado
reconhecimento é algo até o momento inimaginável em uma terra onde a tragédia
humana vira tema de espetacularização midiática; os bons serviços prestados se
perdem no meio do nada; restando no final, apenas o sentimento de que foi tudo
em vão...
...
em mais um dia de dever cumprido!
Por
João Paulo
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