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terça-feira, 9 de novembro de 2010

[cultura] O Pessoal do Tarará completa oito anos de existência

O Grupo de Teatro O Pessoal do Tarará completa oito anos de existência no próximo sábado, e já desenvolve uma programação que homenageia o seu aniversário. “Carnaubais na Rota das Artes”, “Ponto de Cultura Baixinha – Berço das Artes”, e os “60 anos da Rádio Difusora” são projetos que o grupo está desenvolvendo, que estão dentro desta programação de aniversário.

“Nossas comemorações não podem acontecer de outra maneira, se não através de muito trabalho, que é a principal marca do grupo, durante este tempo de existência. O que O Pessoal do Tarará mais faz é trabalhar, sem parar um só instante”, explica a atriz e produtora do grupo Ludmila Albuquerque.

Durante toda a semana, O Pessoal do Tarará desenvolve atividades no município de Carnaubais, no Vale do Assu, com apresentações diárias e realização de oficinas. Este projeto é intitulado Carnaubais na Rota das Artes, e acontece com patrocínio do Banco do Nordeste, dentro do Programa BNB de Cultura 2010/parceria BNDES.

Em Mossoró, paralelo a este projeto, o grupo mantém atividades dentro de seu ponto de cultura “Baixinha – Berço das Artes”, do Programa Cultura Viva, com patrocínio do Governo Federal através do Ministério da Cultura, e apoio do Governo do RN através da Fundação José Augusto. O grupo faz um trabalho de democratização das artes na comunidade da Baixinha (Abolição I), atendendo a crianças e adolescentes, através de oficinas de teatro e percussão, capoeira, apresentações de espetáculos e Cinema na Praça.

Outro projeto de destaque que está incluso na programação de aniversário do grupo é uma nova montagem, que será intitulada “Baby, eu te amo! – uma história de amor através da Rádio Difusora de Mossoró”, espetáculo que homenageia os 60 anos da primeira rádio de Mossoró, e que aborda muitos aspectos históricos em níveis local, nacional e internacional, que transformaram o rádio e a sociedade, nos últimos 60 anos. O espetáculo tem patrocínio da COSERN, SEBRAE e Ponto de Cultura Baixinha Berço das Artes, e cumprirá agenda nos dias 17, 18 e 19 de dezembro, no Teatro Padre Alfredo Simonetti.

“Nossos aniversários sempre foram assim, não se resumindo a um dia específico, mas a um período em que a gente esteja literalmente, fazendo muita arte. O principal motivo de comemorar é exatamente termos muito trabalho para fazer”, destaca a atriz Rosi Reis.

O GRUPO - trajetória

Fundado em 13 de novembro de 2002, em Mossoró, RN, com o objetivo de fazer um teatro popular, onde a experimentação, a ousadia e a qualidade pudessem estar sempre presentes, o Grupo de Teatro O Pessoal do Tarará é um sonho que se concretiza a cada dia. É um dos raros grupos de teatro do Rio Grande do Norte, e até mesmo do país, que vive apenas de sua arte. Atingir públicos das mais variadas classes sociais, com um carinho especial àqueles que não têm recursos financeiros para ir a uma casa de espetáculos, é mais um dos muitos desafios que o grupo enfrenta.

A preocupação com a informação teatral (estudo de autores, textos e teorias, bem como a prática, através de exercícios) veio de imediato, levando o grupo a iniciar um trabalho de pesquisa que permanece até hoje, não parando quando se consegue algo, mas se aprofundando a partir de cada nova descoberta.

Primeiro, vieram os programas de rádio que eram veiculados na Rádio Alternativa FM 96,5, uma rádio comunitária da cidade. Eram radionovelas que faziam uso de textos regionais a fim de valorizar a cultura nordestina e nacional que iam ao ar nos sábados de 2002.

Logo após, veio a montagem ‘Sanduíche de Gente’, com texto de Crispiniano Neto e direção de Grimário Farias. Nos anos de 2003 e 2004, o grupo realizava apresentações na principal praça de Mossoró, nas escolas e nas favelas. Sanduíche de Gente, o primeiro espetáculo do grupo, passeou por uma temática regional, e de forma mambembe, já que o espetáculo era apresentado nas ruas, com um cenário itinerante (um palco ambulante sobre rodas puxado por uma bicicleta). Dramaturgicamente, o grupo optou, neste trabalho, por uma experiência com um autor mossoroense, onde foi explorada a temática nordestina, de exclusão. Ainda em 2004, o grupo produziu um documentário, com o mesmo título do espetáculo para apresentar nas escolas públicas da cidade.

Em 2005, com roteiro e direção de Dionízio do Apodi, O Pessoal do Tarará estréia um filme sobre a realidade das ruas de Mossoró: Um Chão de Esperança, que circulou por diversas escolas realizando um verdadeiro Cinema Itinerante. Ainda no mesmo ano, no segundo trabalho teatral, O Inspetor Geraldo, o mambembe continuou presente, mas agora de forma mais rebuscada, já que foi a partir de O Inspetor Geral, de Gogol, que o grupo chegou ao espetáculo “O Inspetor Geraldo”, que também desencadeia em um documentário. Com este espetáculo, o grupo inicia um processo de investigação no clássico e no popular, e desta mistura, nasce um terceiro espetáculo. “A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró” complementa a pesquisa iniciada no espetáculo anterior, e aqui o grupo chega a um espetáculo com referências armoriais, onde busca uma arte erudita a partir de elementos regionais.

Com os espetáculos O Inspetor Geraldo e A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró, o grupo participou de Festivais de Teatro em todo o país. E aos poucos foi ganhando reconhecimento e novas exigências para que a sua arte tivesse uma qualidade cada vez maior. Além da necessidade profissional, havia acima de tudo, o desejo de se dedicar inteiramente ao teatro por amor. Desde então, O Pessoal do Tarará desenvolve um trabalho intenso de pesquisa e de construção de repertório. A jornada de oito horas diárias de trabalho mostra um teatro movido pela paixão, mas ao mesmo tempo com conotação profissional, onde os integrantes se dedicam exclusivamente ao grupo.

Em 2008, o grupo voltou ao seu começo e montou mais um espetáculo para a rua: Assombrações. Espetáculo que conta, de forma divertida e teatral, algumas lendas e mitos do Rio Grande do Norte, a partir da tradição oral das regiões de Portalegre, Caicó, Santo Antônio do Salto da Onça, Mossoró e Nova Cruz.

Em 2009, a fim de disseminar os conhecimentos adquiridos através de pesquisas e experiências, o grupo realizou uma temporada de três meses em Apodi (cidade com menos de 40 mil habitantes, próxima a Mossoró) com apresentações e oficinas, que resultou em um espetáculo com jovens da cidade, e em um documentário: Apodi-Rota das Artes. Neste mesmo ano, foram lançadas quatro edições de um jornal trimestral abordando temas da realidade artística e cultural da região, e ainda, uma nova montagem: ‘O Pulo do Gato’, marcando uma nova experiência em sua linha de pesquisa. Neste espetáculo, o grupo não utiliza o verbo, mas cada ator vive gato e cachorros, numa linguagem onde o texto flui pela via corporal.

Em 2010, o grupo se torna Ponto de Cultura, e o projeto Baixinha Berço das Artes, que funciona na sede do grupo como na praça da comunidade da Baixinha (bairro periférico da cidade) passa a ser um espaço para o desenvolvimento de um trabalho sócio-cultural, que sempre fora desenvolvido, e que agora encontra respaldo. Como Ponto de Cultura, O Pessoal do Tarará desenvolve oficinas de teatro, aulas de percussão e capoeira, Cinema na Praça e Eventos de encontros culturais que tem como objetivo fazer com que os bens culturais sejam de fácil acesso e meios de expressão da comunidade.

Ainda em 2010, O Pessoal do Tarará produziu o I Festival de Teatro Profissional da cidade de Mossoró: a I Bienal Nacional de Teatro Potiguar, projeto patrocinado pela ‘Oi Futuro’, que aconteceu em Natal e Mossoró simultaneamente sob a curadoria do gestor cultural potiguar Judilson Dias, ocorreu entre os dias 28 de julho a 02 de agosto de 2010. Em Mossoró, na praça do Portal do Saber, na Baixinha, bairro Abolição I, O Pessoal do Tarará movimentou toda a população da cidade, principalmente da comunidade da Baixinha, com a oportunidade de respirar teatro.

Programa de rádio, página na internet, espetáculos, exposições fotográficas itinerantes sobre o trabalho do grupo, documentários, filme, jornais, produção cultural, e principalmente, o respeito do público, foram pontos conquistados pelo O Pessoal do Tarará até aqui.

Um comentário:

Lucas disse...

CADÊ O VÍDEO?