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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

[leia] Rio Apodi-Mossoró: quais são as perspectivas para seu futuro?

Pensar o meio ambiente deve começar dentro de casa. Produzir menos lixo e seguir a receita dos três R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) podem ajudar. Mas é preciso também de ajuda de projetos maiores que deem um suporte mais efetivo para a preservação das riquezas naturais. Sabe-se que o rio Apodi-Mossoró é uma delas. Sabe-se também que ele precisa de atenção urgente. O que não se sabe é o que o futuro reserva para essa imensidão de águas "escuras" que corta os municípios de Luís Gomes, Pau dos Ferros, Apodi, Governador Dix-sept Rosado, Mossoró, Areia Branca e Grossos.

Em pleno período de campanha eleitoral sobram propostas e projetos. Nos setores de habitação, economia, transportes públicos, saúde e educação um futuro melhor, apesar de utópico, parece mais palpável. Já do meio ambiente, fala-se muito pouco. O leitor do O Mossoroense Paulo Martins é um dos inúmeros cidadãos que se preocupam com a morte lenta do rio. Ele lembra que após as enchentes a problemática é esquecida.

Em seu blog, ele cobra mais atenção dos candidatos. "Bem que poderia haver mais interesse sobre a questão, na mídia e nos programas eleitorais. Enquanto isso, o rio Mossoró continua recebendo milhares de metros cúbicos de dejetos expelidos por esgotos". Ao contrário do que se pensa, a população observa atenta essa situação. A consciência ambiental deixou de ser restrita a pequenos grupos de ambientalistas e ganhou proporções maiores. Isso porque a rápida avalanche de problemas e fenômenos naturais provocados por desequilíbrios afeta cada vez mais um número maior de pessoas.

O gerente de Meio Ambiente do município, Mairton França, reforça que é preciso "cobrar dos candidatos ao governo estadual uma política sustentável de meio ambiente para o gerenciamento dos recursos hídricos", diz ele. "É preciso ficar claro que a gestão da bacia hidrográfica do rio Apodi - Mossoró é estadual". Segundo ele, o trabalho que vem sendo executado pelo município em relação a saneamento e projetos de educação ambiental precisam ser amparados por algo maior.

"A Prefeitura tem feito projetos básicos e de execução, inclusive, buscando recursos através de alguns parlamentares que se empenham nessa questão". Mas o gerente admite que essa atuação ainda não é suficiente . "Cerca de 90% dos poluentes jogados no rio são oriundos de esgotos clandestinos. Os outros 10% vêm dos agrotóxicos da agricultura às margens do rio, dos resíduos da pecuária ou do próprio lixo que a população joga no rio".

Sobre isso, o leitor observa: "é como se o rio Mossoró servisse unicamente como depósito de lixo e lugar para despejo de detritos. Bem que a questão do rio poderia entrar na agenda da campanha eleitoral, dada sua importância ambiental, para Mossoró e região. Mas pelo que se observa, o rio Mossoró está fora da pauta e das propostas da presente campanha".

Segundo o gerente, este ano a Prefeitura gastou R$ 14 milhões oriundos de recursos próprios e de emendas parlamentares no processo de saneamento da cidade, que atualmente chega a 54% das residências. "Até 2011 deve chegar a 72%, em função das estações elevatórias que já estarão funcionando". Além disso, a cidade conta ainda com 15 núcleos de educação ambiental em escolas da rede municipal que trabalham com palestras, seminários e mutirões. Mas Mairton França reforça quatro pontos que precisam ser colocados em prática o mais rápido possível.

"Primeiro é o mapeamento e licenciamento de todas práticas agrícolas feitas às margens do rio, pois os agrotóxicos depositados no solo são absorvidos pela água do rio; depois um projeto de saneamento integral para todas as cidades que são cortadas pelo rio; a recuperação da mata ciliar, que ajuda a manter a qualidade ambiental e preserva a biodiversidade (fauna e flora) e, por último, um grande projeto de educação ambiental com a população ribeirinha".

O gerente diz que o projeto de educação deve ser específico de acordo com a necessidade dos moradores que vivem na nascente, no médio curso e no estuário do Apodi-Mossoró. "O rio Apodi-Mossoró é de gestão estadual e nunca houve uma política efetiva nesse sentido. É preciso ser implantada uma política estadual de meio ambiente sistemática e integrada. Se isso não acontecer daqui a 10 anos, não poderemos nos voltar mais para investimentos em emprego e renda. Tudo terá que ser voltado para desenvolvimento ambiental e humano, mesmo que isso se reflita em menor crescimento. Isso porque os recursos naturais foram levados à exaustão e já não aguentam mais".


Fonte: OMossoroense

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