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terça-feira, 29 de junho de 2010

[espaço do leitor] Mensagem de um camponês aflito desapropriação da Chapada de Apodi/RN

Nasci nessa terra que me criou, que me alimentou, que me deu alegrias e me fez feliz. Amo esse chão como amei ao meu pai, hoje falecido, pois sinto nessa terra sua presença viva e constante como um defensor oculto que nos protege, no limite de sua intervenção.

Assisti ao meu pai ajudando-o lado a lado, desde quando me entendo, fosse no preparo do solo, fosse no plantio, no zelo absoluto de um bom trato ou nas colheitas fartas e prósperas de uma terra-mãe com muitas histórias, herdada de filhos a netos ao longo de um percurso que se perde nos tempos mais remotos.

Dessa terra, tão conhecida como Capada de Apodi, meu querido pai tirou todo o seu sustento (família), sempre aumentando seu rebanho caprino e bovino.

Hoje, repetimos o que nossos pais faziam, sempre ampliando nossas áreas de trabalho, no limite de nossas forças e condições.

Temos vivido sempre à margem do esquecimento dos órgãos credenciados, no abandono total dos governantes, sem a menor assistência, no clamor das secas ou na agonia das enchentes. E quando uma luz se acende no final do túnel com a chegada da energia e a possível chegada da água, recebemos a triste e dolorosa notícia de que vamos ser despejados de nossas terras. Querem tirá-las do nosso domínio para entregá-las aos grandes empresários, expulsando-nos do nosso chão onde fizemos histórias.

A alegria que antes habitava em nossos corações, agora é a tristeza que impera e fere fundo nossas almas. A paz e a tranquilidade que se fazia presente em nossa humilde morada, nos abandonou, deixando-nos à mercê de um grupo mesquinho e ambicioso, assaltando nossa tranquilidade com os horrendos FANTASMAS da desapropriação injusta e desonesta ao longo da Chapada de Apodi.

Olho nos olhos dos meus filhos, nos olhos de minha companheira e vejo quanta amargura, quanto medo, quanta desilusão, quanta incerteza, quanto pavor e guardo em mim a soma de tudo isso que já me rouba o apetite, bloqueia-me o sono, apavora-me os pesadelos, porquanto tenho sonhos horríveis e acordo em pânico! Tenho medo de dormir...

Por tudo isso e muito mais, rogo a Deus não permiti que nos expulsem tomando nossas terras, nosso chão, nossa vida, nossa história. Clamamos por J U S T I Ç A.

Não votaremos em qualquer político que estiver a favor deste projeto tomando as terras de onde tira seu sustento familiar.

Você também pode enviar sua matéria para janio_eduardo@hotmail.com

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