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quinta-feira, 8 de julho de 2010

[espaço do leitor] Copa do mundo e identidade cultural

Às vezes você precisa se sacrificar em beneficio dos outros. Em determinados momentos, temos que abrir mão da vaidade e colocar a cara para bater. Uma cena pegou minha atenção hoje e mostrou mais um grande ensinamento. Se para alguma coisa essa copa do mundo da África serviu, foi para mostrar que até mesmo na correria pela vitória de qualquer forma, existe lugar para atos heróicos.


No jogo Uruguai e Gana, o astro do time sul-americano, Suárez, abriu mão de continuar jogando a prorrogação e o jogo seguinte, caso o time passasse para a próxima fase, para colocar a mão na bola e causando assim a maior punição que uma equipe pode ter: um pênalti.


Resultado: penalidade marcada... Jogador expulso... Pênalti batido na trave e o Uruguai ainda vivo para disputar as cobranças de penalidades.


No ato que poderia tê-lo transformado em vilão, o jogador arriscou tudo para se tornar o maior responsável pela vaga nas quartas de finais de 2010. Enquanto todos comemoravam as cobranças, sabe se lá onde estava o verdadeiro herói: Suárez.


Na verdade essa copa foi atípica. Foi a copa da globalização. Não lembro de outra em que as seleções tinham tantos atletas de diversas origens: era jogador nascido no Brasil jogando em Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Japão... na verdade, houve um verdadeiro mar de craques jogando com o manto sagrado de outras nações. O que levanta uma questão: o que faz alguém ser brasileiro? O simples fato de ter nascido naquele país? O fato é que não se pode ir contra a globalização, assim como não se pode ir contra o eclipse do sol: existem necessidades e questões por trás dos motivos de ser tonar membro de outra comunidade, de outro país ou cidade.


Como posso me considerar membro de uma nação e não ter o direito de escolha? Ainda falando da copa do mundo, a Coréia do Norte vive sobre um regime autoritário que não permite a população ter liberdade de escolha ou ainda assistir aos jogos de seu time em evento de tamanho porte.


Quem gostaria de viver em uma nação assim? Acredito que ninguém que tenha o direito de falar. Um cartaz colocado nas ruas de Berlim pode resumir bem essa questão: “seu Cristo é judeu. Seu carro é japonês. Sua pizza é italiana. Sua democracia, grega. Seu café, brasileiro. Seu feriado, turco. Seus algarismos, arábicos. Suas letras, latinas. Só o seu vizinho é estrangeiro”.


Mas o que vem a ser identidade nacional? Geneviève Zubrzycki pode nos dá uma pista a cerca da resposta: segundo o modelo cívico da nacionalidade, a identidade nacional é puramente política. Nada mais é do que a escolha do individuou de pertencer a uma comunidade baseada na associação de indivíduos de opinião semelhante. A versão ética, ao contrario, sustenta que a identidade nacional é puramente cultural. A identidade é dada ao nascer; ela se impõe sobre o individuo.

Bruno Coriolano

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